Não fuja da luta, covarde

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Empate

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sobre a liberdade e a molecularização da política...

Vivemos realmente em uma sociedade democrática?
Em certos aspectos, que Deleuze e Guattari chamam de macropolíticos, ou instituídos, sim. O Brasil é uma democracia, todos temos direito a liberdade de expressão, consumo, voto, a andar na rua sem a polícia pedir a carteira de trabalho, os professores não exercem mais autoridade sobre os alunos...
Contudo, retomando o pensamento de Foucault, o que chamamos por democracia talvez seja apenas um mundo de aparências, a ponta do Iceberg, ou memso uma grande ilusão adaptativa, afinal o poder não necessariamente brota do Estado, ou das leis, ou das instituições. Ele é microfísico, micropolítico, está enraizado na subjetividade, no sexo, na amizade, nas relações familiares e no cotidiano. O poder não possui centro, e sim relações de ecntralidade móveis, fluídas, metaestáveis, que em determinados momentos e configurações, assume a forma sólida e férrea de autoritarismo, violência e fascismo. E medo, muito medo.
A molecularidade do poder é distribuída institucionalmente em pequenos nichos de autonomia relativa regulados por instâncias superiores através de funções estratégicas e ameaças subjetivas, relativas.
Eu escrevo isso porque tenho experimentado esta sensação nas universidades públicas. Durante toda minha formação acadêmica, eu vivi esta ilusão de que o mundo da educação federal seria levemente anárquico, e pos cargos de chefia seria funções administrativas, assim como o cargo de professor, no mundo democrático e livre, seria o de facilitador, potencializador, libertador da criatividade e incentivador da auntonomia. Grande engano. Vivemos todos com medo. Não podemos levantar a voz ou discordar daqueles que nos são superiores, pois estes portam códigos e gerenciam redes de relações que exercem contrangimento e coerção, e usam da burocracia como arma. Quem faz pesquisa não tem seus projetos encaminhados, quem está com o horário cheio de aulas vai ganhar horas a mais e quem está em estágio probatório vive sob o medo da demissão. E não podemos citar as leis, o direito, os códigos que garantiriam  nossa expressão, nossa revolta, nossos direitos de trabalhador. A racionalidade gerencial hegemônica que outrora era exclusividade das empresas privadas agora começa a percorrer snagüíneamente as empresas públicas, sob os velhos eufemismos da eficiência, velocidade e eficácia. Estamos sujeitos a sistemas informáticos de notas,  exames, presenças, faltas, tempo e espaço, cartão ponto biomecânico e a antiga prática do cala a boca para não te incomodar, faz o meu que eu faço o teu...
E aqui vamos nós...