Não fuja da luta, covarde

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Empate

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O futuro é hoje...


Ainda lembro quando, nos anos 80 eu e meu irmão estávamos em Tramandaí e havia um cinema Drive In (onde a tela ficava em um imenso estacionamento e  captava-se o audio pelo radio do carro). O muro do cinema era baixo e paramos o carro ao lado, podendo ver tudo. O filme era Mad Max, de 1979, estrelado por um ator novato e de olhos intrigantes chamado Mel Gibson.
O filme tratava de uma civilização rumo a decadência e que começava a ser dominada por gangues  de homens  violentos pilotando motocicletas e automóveis envenenados. A ação social naquele futuro distópico  era a luta pela sobrevivência e acontecia na estrada. A função de Max era ser um policial rodoviário em uma sociedade em ruínas e e os imensos trilhos de asfalto estéril pareciam simbolizar o fim de todo tipo de moral ou normativa social. Em Mad Max e em suas duas sequências que encerraram uma trilogia em1985 o diretor George Miller apresentou uma rara sincronia entre argumento e ação, afinal, naquele universo de caos distópico correr ou lutar significavam sobreviver. E a sobrevivência em um clássico futuro distópico cinematográfico gira sempre em torno de comida, armas, máquinas e, principalmente, gasolina.
Em  2015  George Miller retorna ao universo  distópico e o seu taciturno herói é convidado a agir em um ambiente de três grandes simulacros de feudos futuristas (apesar de eu desconfiar que o filme se passa nos dias de hoje, mesmo): os senhores das balas e das armas,  os senhores da  gasolina e  o grande senhor das águas, os mandarins de uma aliança de escambo e exploração da miséria, da ignorância e da escravidão de velhos, doentes, mutantes pós nucleares e, especialmente, mulheres, estas condenadas a serem matrizes e nutrizes do senhor das águas, o tétrico e escatológico Immortan Joe.
Apesar, de ser ingênuo, ao ver "Mad Max: road of Fury", a desconfiança de que ele é um futuro provável para nosso mundo ou talvez seja uma alegoria do presente causou-me calafrios.
Após os "verões do amor"  da esquerda mundial o início da década de 2000 protagonizados pelo slogan "Um novo mundo é possível" do Fórum Social Mundial e da ascensão do metalúrgico Lula e do revolucionário PT ao governo de um país com 500 anos de história autoritária, tenho a sensação de que tudo não passou de um sonho, um engano ou mesmo uma espécie de adolescência política.
Como diz Slavoj Zizek, o capitalismo venceu por promover revoluções  e ciclos adaptativos que nenhum outro sistema ou ideologia conseguiu nos dois últimos séculos. Contudo, como toda realidade  humana, apresenta seu lado obscuro e obsceno, suas arestas inconscientes e  horripilantes: uma massa cada vez maior de miseráveis, analfabetos funcionais, desempregados estruturais, guerras e emergência de fascismos travestidos de ideologia liberal. Movimento Brasil Livre, Bolsonaro, Feliciano e Edir Macedo, Revoltados Online, Tea Party, governos capitalistas antidemocráticos como os da Russia  ou o comunismo capitalista da China mostram a catástrofe política. O aquecimento global a proliferação do lixo  nuclear e não reciclável, o desmatamento crescente e a escassez de água potável parecem não ter remédio ou freio devido às impensadas necessidades de consumo. O mundo de Mad Max é hoje.

E o Caos Reina

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